Estatística da desigualdade

Do ATarde Online
Por Maurício Sotto Maior

Aos 86 anos, seu Manoel Calixto se mantém na base da batalha diária com a venda de cocos
Aos 86 anos, seu Manoel Calixto se mantém na base da batalha diária com a venda de cocos

Quando seu Manoel Calixto começou a trabalhar, lá nos idos de 1930, a cidade de Salvador mal chegava ao bairro de Amaralina. Toda aquela região era formada por uma fazenda, onde a limpeza das cocheiras e dos cavalos lhe rendia 20 mil contos de réis. “Era muito dinheiro para um menino de 9 anos”, relembra. Hoje, aos 86 anos, Manoel Calixto do Espírito Santo vende água de coco bem em frente ao Largo de Amaralina, no lugar onde sempre morou. Apesar da aposentadoria compulsória, nem pensa em parar de trabalhar: “Só tive carteira assinada durante os cinco anos que trabalhei na construção civil, mas não reclamo. Criei meus seis filhos e, enquanto puder andar, estarei aqui”.

A história de seu Calixto ilustra bem a situação dos negros no mercado de trabalho. Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PED/RMS), uma iniciativa do governo do Estado da Bahia que envolve as secretarias do Planejamento, Trabalho, Dieese , Ufba e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o negro entra mais cedo no mercado de trabalho e sai muito mais tarde que os não-negros. A pesquisa vai mais longe. Em 2007, a população economicamente ativa negra somava 1.574 milhão de pessoas, porém, 356 mil delas engrossam os contingentes de desempregados. Continue lendo