Cry Freedom – Um grito de liberdade

Por Franco Adailton – o Francolino

Um grito de liberdade é um filme baseado no livro “Biko”, lançado em 1991, pelo jornalista inglês Donald Woods, que fora testemunha ocular do regime racista do apartheid e tivera contato direto com o então estudante de medicina, o idealista Steve Biko.

A história narra a ascenção de Biko para a vida política na África do Sul, sob a ótica de Woods, que trabalhava em um diário local e que, apesar de branco, discordava das práticas racistas impostas pelo regime apartheid, simpatizando com a ousadia do jovem líder estudantil negro.

A África do Sul era dominada politicamente por uma minoria branca, denominada “africandêrs”, que se apoderava tanto das instituições do Estado quanto das terras produtivas do país, submetendo os nativos aos trabalhos braçais e ao constrangimento social, por motivos dos mais diversos e subjetivos.

Biko, assim como Mandela, lutava contra as atrocidades do regime e a violência policial, incitando o levante contra o sistema de maneira pacífica. Estudantes, crianças em sua maioria, foram às ruas protestar contra o ensino obrigatória da língua inglesa nas escolas. Para  infelicidade deles, o regime revidou com fogo, deixando cerca de 700 mortos e 4.000 desaparecidos, segundo Woods.

A repressão, contudo, não amedrontava Biko, que tinha membros da imprensa local a seu favor. Trabalhava dia e noite, intensamente, em busca da liberdade de ir e vir, dentro de seu próprio país. Porém, abertamente ou por meio de capatazes, o Estado branco promovia o terrorismo contra os cidadãos negros, quer fossem simples militantes ou os chamados mentores intelectuais da resistência. A polícia coagia, inclusive, a imprensa e, também, promovia atentados contra as famílias dos revoltosos.

O fato é que Biko estava disposto a morrer pela causa de seu povo. Em uma de suas idas clandestinas à Cidade do Cabo, mesmo contra a vontade de sua esposa e de seus companheiros, foi apanhado em uma blitz policial. Encarcerado e torturado por mais de 24 horas, Biko veio a falecer em 12 de setembro de 1977, de “causas desconhecidas”.

Para fazer valer sua morte, enfrentando o terrorismo psicológico e dilemas que envolviam a segurança de sua família, por ter acompanhado de perto todo o movimento e ser próximo a Biko, o jornalista Donald Woods, contrariando a prisão domiciliar que lhe fora imposta,  que impediu-lhe de escrever e de estar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, escreveu toda a história que presenciara.

O drama começa a ganhar mais fôlego a partir do momento em que é montada uma rota de fuga para Woods, que precisava encontrar um local seguro para publicar seu livro e levar ao conhecimento do mundo as atrocidades promovidas pelo apartheid. Tendo que se disfarçar de padre e atravessar todo o país, a caminho da fronteira com Botsuana, o jornalista enfrenta situações que põem em risco sua vida, alcançando com êxito sua empreitada.

O livro ainda não li, mas o filme, recomendo.

Cry Freedom – Um grito de liberdade (Drama)
Com Denzel Washington e Kevin Kline
Direção: Richard Attenborough

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